Uma história inacabada

 

   

  Ele me encarou nos olhos com um sorriso tímido. As bochechas coradas e o cabelo cobrindo quase toda a testa. Ele não fazia do tipo de garoto que se esconde do mundo, muito pelo contrário, era despojado e arrancava gargalhadas de quem estivesse a sua volta. Mas naquele momento, era apenas eu e ele, o resto do mundo não existia. Seu rosto foi se aproximando do meu, seus olhos estavam fixos em meus lábios e eu só pensava o quanto esperei por aquilo. 00h00, silêncio no salão, música alta em outro mundo, meus olhos não enxergavam mais nada além de cada detalhe do seu rosto. Ok, pera... Cheguei longe demais. Sonhar não faz mal, não é?

    

  Seria muito bom se tudo isso tivesse realmente acontecido. Eu daria continuidade a essa pequena história, faria um post e o carinha com certeza perceberia que era sobre ele. Iria falar comigo e talvez, quem sabe, rolasse até declaração de amor. Mas a história verdadeira não é essa. Pena. Ela é sobre uma menina que sonha com os pés (quase) no chão. Talvez, com as pontas deles. Que se apaixonou pelo menino errado. E que o menino certo se apaixonou por ela. Não, ela não ficou com nenhum dos dois: Ainda bem.

  Ela ainda não sabe, mas algo lhe diz que seu coraçãozinho ainda não está pronto pra mergulhar de cabeça em uma história de comédia romântica. Talvez... Porque não tenha encontrado o cara em que queira viver essa história com ela ou o cara certo pra isso. Não se preocupe, ela não guarda rancores. Ela escreve textos em vez disso. Ok... Muitos textos. Em seu universo paralelo a menina coloca os fones de ouvidos no último volume e sonha. Ah! Como sonha!

  Enquanto sonha o mundo faz barulho lá fora, ela não se importa. A música que está tocando alto em seus ouvidos é bem melhor do que encarar a realidade. Apesar de ás vezes ela preferir ouvir o som da gargalhada da irmã ou da própria voz nos áudios do Whatsapp. Ok. Exagerei. Ela odeia a sua voz em áudios. 00h14 e a menina tá pensando em como finalizar esse texto. Já passou todos os pensamentos possíveis em sua mente, nada se encaixa.

  Então é melhor deixar esse texto “inacabado” mesmo. Afinal dessa vez, ela não aprendeu nenhuma lição, além de ser ela própria. Em todos os seus textos. Em todos os dias. Em todos os minutos e segundos. E principalmente: Em todos os seus amores imaginários.

Com amor, Letícia

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