Meu anjo sem asas

    

          
      Anjos existem, milagres, destinos e amores verdadeiros também. Infelizmente eu só consegui enxergar e aprender tudo isso da pior forma possível. Mas apesar de tudo, o importante é que hoje eu sei: A esperança é a penúltima que morre. O amor é sempre o último que fica e o primeiro que vem, aliais ele é quase indestrutível com exceção de alguns corações que já se partiram ao meio. Mas sabe qual a melhor parte do amor? Ele é infinito. Não se preocupe com aquele amor que te fez perder todas as esperanças até em si própria, existirá outro que te fará superar. Afinal, o amor é uma balança entre o bem e o mal. Ele pode ser o motivo da sua destruição, mas pode ter certeza que ele também será o motivo de sua solução.

30 de maio de 2016

    Ela era a garota mais “estranha” que eu já havia conhecido em toda minha vida, sonhava em viver um romance clichê, daqueles que pra alguns dá ânsia de vômito. Ela fazia escândalo, mas conseguia manter a calma em momentos ruins. Possuía sempre uma resposta pra tudo, orgulhosa, teimosa e cheia de manias. Nunca vinha pra escola sem rímel ou lápis de olho preto contornando a inferioridade de seus olhos. A pele oleosa, mãos suadas e geladas, mas ela tinha algo que eu não conseguia encontrar em outra menina.

      Éramos amigos, bom, pelo menos eu achava que éramos. Mas de uns tempos pra cá ela começou a me evitar e eu, como todo aquariano nato, fiz o mesmo. As semanas se passaram e ela não me dava notícias, mas quer saber o pior? O pior é que eu sentia a sua falta.

      Até que um “belo” dia eu deixei o orgulho em casa, arregacei as mangas e fui ao seu encontro. Ela estava do outro lado da rua, apenas uma simples faixa de pedestre nos separava. Estava prestes a atravessar quando a rosa que comprei caiu no chão. Olhei para o lado, avistei o caminhão vindo ao meu encontro, meu corpo foi jogado para longe, ouvi o grito dela e de repente tudo ficou escuro.

      Algumas horas depois eu acordei, estava deitado no sofá, me levantei e avistei minha mãe e ela chorando em volta de uma maca. Tentei gritar, mas simplesmente não possuía voz. Tentei encostar em seu ombro e minha mão atravessou o seu corpo, não conseguia toca-la ou senti-la. Andei em volta delas, elas pareciam que não me enxergavam e quando finalmente olhei para o lado não consegui emitir o susto. Meu corpo estava deitado em uma maca, meus olhos fechados e agulhas injetavam os meus braços. Eu não sabia o que estava acontecendo, até uma voz atingir os meus ouvidos.

       - Seja bem-vindo ao seu novo lar! – Uma mulher “transparente” disse olhando para mim.

- Novo lar? – Perguntei encarando-a.

- Sim! Aquele corpo não lhe pertence mais, sua alma está livre agora.

- Opa, pera aí... Quer dizer então que eu morri?

   - Exatamente! – Ela sorriu como se tudo fosse um mar de rosas. – Por outro lado ganhou asas, és um anjo!

    - Anjo? Asas? Do que você está falando? Eu não posso morrer, preciso falar com ela. – Disse impaciente.

  - Acalme-se. Irei lhe dar uma chance, mas primeiro precisa conhecer o seu ponto fraco.

- Não tenho ponto fraco! – Gargalhei.

- Tem sim, e ele possuí um nome, sobrenome e um coração de ouro!

   Algumas semanas haviam se passado, o anjo me ensinou a me comportar como um anjo, aprendi a voar e a fazer “milagres”. Mas depois de um tempo eu descobri que são os seres humanos que fazem os milagres e os próprios destinos, os anjos apenas dão um “empurrãozinho”.

    Eu a via todos os dias, andando em direção á escola, fazendo projetos para a faculdade e futuras viagens, estudando pro vestibular. Eu a via chorando, sorrindo, gritando, dançando e cantando e todos esses dias eu sorri. Eu a amei mesmo de longe, eu a protegi mesmo sem poder toca-la e fiquei com ciúmes quando outro garoto chegava perto. Mas eu sabia que a vida dela teria que continuar sem mim.

      Em um finalzinho de tarde ela andou até o cemitério, colocou rosas no meu túmulo, caiu de joelhos e começou a chorar. De repente a sua dor se transformou na minha e eu sabia que apesar de tudo sempre serei parte da vida dela.

   - Não era pra eu estar chorando... Eu sei. – Ela disse enquanto limpava as lágrimas, mas elas continuavam caindo. – Mas tem sido bem difícil caminhar sem o meu anjo. Eu peço perdão por todas ás vezes em que fui chata, teimosa e orgulhosa. Eu não deveria ter deixado á gente se afastar, eu não deveria ter deixado você ir. Sempre fomos amigos, certo? Mas em meu coração existia algo a mais... – Ela fez uma pausa para recuperar o fôlego. – Eu vou lutar todos os dias da minha vida, construir o meu futuro e realizar os meus sonhos. Mas sem você é difícil encontrar forças pra seguir em frente, eu só peço aos céus que cuidem de você como sempre mereceu. Saiba que... Eu amo você!

    No mesmo instante senti o meu coração bater, ela levantou-se e caminhou até o portão de saída. Eu estava sem fôlego e não entendia o porquê, sou um anjo, não sinto, não respiro, não tenho pulsação. Errado. Naquele momento eu sentia que estava voltando á vida.

 30 de maio de 2016                                            

     Ela estava do outro lado da rua, apenas uma simples faixa de pedestre nos separava. Estava prestes a atravessar quando a rosa que comprei caiu no chão. Levantei os olhos e ela havia sumido, então olhei para o lado e lá estava ela segurando a rosa.

- Acho que você deixou isso cair! – Ela disse me entregando a rosa.

- Não! É pra você! – Sorri.

- Pra mim?

- Sim, a rosa e todo o meu amor!

     Puxei ela pela cintura e nos beijamos ali mesmo, na beirada da calçada. Vivenciando o tão sonhado clichê adolescente. Naquele momento agradeci ao meu anjo por estar vivo.

Com amor, Letícia

Twitter: @Tissy_Linhares
Tumblr: leticiaworlddream-posts.tumblr.com
Anime: fiuketeeterna/fanfics.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tenho medo

Apenas hoje